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terça-feira, 3 de novembro de 2015


"Eu o mato um pouco por dia e ele nem suspeita. Não entenderia. Não tem sido fácil. Incomoda. E machuca. Mas me parece mais sensato silenciar do que dispersar aos sete ventos as sensações que ele despertou. Eu o calo todos os dias. Não deixo que ocupe os meus pensamentos, despisto a vontade e sempre que posso ignoro a necessidade de ouvir a sua voz. Eu o adormeço dentro de mim para não lidar com a bagunça que ele causa. Pra não explicar o que por si só já é difícil de sentir. Meço forças todos os dias com a razão e com o coração. Não posso mais brincar. Não posso sequer alimentar qualquer vestígio de esperança que seja. Ou é tudo ou não é nada. Mas é sempre ele me perturbando o sono e me desconsertando entre um sorriso e outro. Eu o mato um pouco dia para não perder o controle e acabar esparramada em desejos que desobedecem as minhas direções".

Por Marcely Pieroni Gastaldi

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