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quarta-feira, 10 de agosto de 2011

DO OUTRO LADO DA PONTE



Um dia, pai e filho travaram uma tremenda discussão. Depois de terem sido amigos durante toda a vida e terem trabalhado longos anos juntos, agora se separavam por causa de um desentendimento. Foram anos de amor, zelo e dedicação. Quantas noites aquecidas em volta do fogo e alimentadas pelo prazer da amizade! Mesmo depois das mais duras jornadas não se conformavam em ir dormir sem antes contarem seus “causos” um ao outro; é que o amor vencia o cansaço.
Mas, agora, aquele triste incidente havia transformado tudo. E uma discussão afogueada, por motivos tolos, trouxera a divisão para aquele lar, outrora tão feliz.
O filho pegou o que lhe pertencia e foi morar num terreno que havia comprado do outro lado do rio. Desde esse dia nunca mais voltou a ver seu velho pai.
Certa manhã, bem cedo, acordou quando abriram a porteira. Olhou pelas tábuas da janela e viu seu irmão mais velho que se aproximava; trazia em suas mãos uma pesada e conhecida caixa de ferramentas.
— Acho que você a esqueceu — disse ele.
— Pode ter sido. — respondeu o outro.
Pousando no chão a caixa de metal, o irmão comentou:
— Bom! Já que estou aqui, diga-me o que tenho de fazer para merecer um almoço.
— É fácil! — respondeu. — Está vendo aquela pilha de tábuas junto à margem do rio? Faça delas o meu alívio, porque já não suporto sequer a visão das terras do meu pai, apenas sua lembrança já me aborrece. Construa uma cerca o mais alto possível e terá garantida a
sua refeição.
Com alguma tristeza, o irmão fez um gesto com a cabeça, deixando-o perceber que ele o entendia.
Aproveitando a presença de alguém de confiança para que a fazenda não ficasse só, o irmão mais novo foi à cidade resolver alguns negócios.
Durante todo o dia, o irmão mais velho trabalhou, cortou, serrou, construiu. Já era noite quando seu irmão voltou da rua, e a construção recebia seus toques finais. Mas o irmão, quando a viu, até espumou de raiva. No lugar da cerca, ele havia construído uma ponte magnífica, que, passando por cima do rio, ligava sua terra à de seu pai. Exasperado, foi dizendo aos berros:
— Seu traidor! Como pode fazer isso depois de tudo o que houve
entre mim e o pai?
Mas isso era só o começo. Quando olhou de novo para a ponte, viu do outro lado um homem forte, rosto queimado pelo sol, cabelos e barbas embranquecidos pelo tempo. Seu pai caminhava ao seu encontro com os olhos cheios de lágrimas. Ele ficou parado por um instante, pasmado pela surpresa. E, de repente, correu ao encontro daqueles braços que tantas vezes o acolheram. No meio da ponte, encontraram-se, abraçaram-se e choraram demoradamente.
Quem ama se humilha e vai ao encontro. Quem ama dá o primeiro passo. O Pai do céu enviou seu filho para construir uma ponte entre o céu e a terra, entre você e Deus. Ele mesmo é essa ponte. Não fomos nós que amamos a Deus, mas Ele que, tendo nos amado primeiro, veio ao nosso encontro.
Ninguém pode amar a Deus se não se deixou alcançar pelos seus braços, recebeu seu abraço e experimentou seu amor. É preciso pararmos a correria, afastarmos o medo e deixarmo-nos envolver por seu carinho de Pai. A única coisa que Deus quer é que você creia no seu amor e confie n’Ele.
Diga a Ele, em seu coração, o quanto você gostaria de experimentar o amor que Ele tem por você!

Márcio Mendes 

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